SalaGeo
quarta-feira, 30 de junho de 2010
Pedra da Gávea Uma excursão Ecológica a...
"Do alto dos seus 842m, a vista que se tem é magnífica. O PãodeAçúcar ao longe; a crista do morro Dois Irmãos cortado por enorme fratura formando os dosi picos; as escarpas de falha do corcovado; a lagoa Rodrigo de Freitas enclausurada pelas pequenas dunas de Ipanema e Leblom; as ilhas Cagarras e a ilha Rasa; vales profundos cobertos por florestas....
( foto com vista em direção ao norte) ...a praia da Barra da Tijuca separando com seus cordões arenosos a lagoa de Marapendi do mar; os terrenos de planícies , a baixada de jacarepaguá surgindo entre a montanha e o mar.
( foto com vista em direção sul) O clima-combinado com as diferentes composições mineralógicas e estruturas das rochas-deixa sua marca, desenhando o relevo e dando-lhes as feições atuais . A paisagem que conhecemos, é na verdade, o resultado de um grandioso trabalho escultural da natureza, que usou como ferramentas principais os agentes erosivos de corte, torneamento, polimento, remoção e acumulação. O material removido e transportado das partes mais altas, por gravidade e pelas águas, vai compor encostas íngremes e suaves e as partes baixas da planície estendendo-se até o litoral, contribui também com a formação das praias e dos manguezais .
O cenário visto da pedra da gávea é tão fascinante que qualquer descrição técnica e científica não alcança o que se sente. A emoção que a natureza nos transmite está bem além das palavras. "
quinta-feira, 24 de junho de 2010
Pedra da Gávea Uma excursão Ecológica a...
" Água mole em pedra dura
A presença de fraturas( falhas e juntas ) contribui também para a pedra da Gávea ter essa forma atual...... As fraturas abrem o caminho das águas e definem os primeiros traços do relevo carioca. Através dessas fendas a umidade se concentra e inicia o processo de decomposição . Da para perceber os minerais virando argila, caulim e crosta de ferrugem. É assim que água "mole em pedra dura tanto bate até que fura".
As águas alargam as fraturas formando vales e acentuando encosta. Entre a pedra da Gávea e a pedra Bonita ocorre um vale de falha em forma de V( indicado com seta na foto) . Em tempos remotos elas faziam parte da mesma elevação. O granito que está no topo de uma é o mesmo do topo da outra .
As encostas da Gávea, expostas à insolação, às chuvas e a ação bioquímica dos liquens, foram recuando através de desplacamentos contínuos ao longo de fraturas quase verticais , até chegarem à forma conhecida dos paredões de hoje.
A Proteção da Floresta
A evolução das encostas dos morros em meio tropical úmido está ligado a desmoronamentos e deslizamentos, que são, em geral favorecidos pela ausência de vegetação. Esta dinâmica é natural e inevitável nos relevos montanhosos ....
A floresta reflete as características do solo e do clima da região..... A floresta da Tijuca, em sua composição rica e variada, com diferentes plantas atingindo diversos níveis de altura, pode ser considerada como uma valiosa reserva de fauna da Serra do Mar .....
No alto da montanha, a vegetação se apresenta totalmente descaracterizada, tomada por capim e algumas árvores leguminosas esparsas ...... "
Finalmnte chegamos ao topo da Pedra da gávea ! Não perca o nosso último capítulo numa próxima e breve postagem.... Esperamos vocês!!
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Pedra da Gávea Uma excursão Ecológica a...
Ah! sim descansando nesta clareira conhecida como Praça da Bandeira e finalmente vamos saber porque a pedra tem este nome. O relato pode até,em parte,ser um tanto técnico mas vale a pena ouvir. Com a palavra, este nosso geólogo .... Ivo Medina
Um chapéu de Granito
"A pedra tem esse nome porque sua forma lembra aquela parte que ficava no alto dos mastros dos antigos galeões que servia para os marinheiros avistarem à distância . O topo é quase plano, ao contrário da maioria dos morros pontudos ou arredondados do Rio. Ela é formada por um dique de granito, quase horizontal, compondo o topo e por gnaiss atè a base.Essa rochas respondem de forma diferente aos agentes da erosão-água, vento, calor e frio e atividades biológicas-bastante eficiante no clima tropical úmido do Rio de Janeiro. O topo granítico,mais resistente às intempérias,protege o resto da montanha formada pelo gnaiss mais vulnerável. Pode-se dizer que é uma montanha de Gnaiss com um chapéu de Granito. As cavidades dos olhos e orelha ( vide foto logo aí abaixo no poste de 12/1/10 ) da " cabeça do Imperador" foram formadas pela erosão que atuou com mais rigor em zonas de fraqueza do gnaiss, próxima ao contato com o granito. A chuva, agente erosivo de destaque, vai continuar a trabalhar nessas reentrâncias enquanto perdurar o clima úmido da região. A tendência dos olhos é virar uma caverna com marquise, à semelhança do que ocorre com a orelha, que vem servindo como abrigo aos montanhistas."
domingo, 13 de junho de 2010
Floresta da Tijuca ...a história do seu reflorestamento
O salageo abre um parêntese na Nossa Excursão Ecológica a pedra da Gávea para falar mais um pouco da história e do repovoamento da floresta da tijuca .
O plantio do café foi introduzido no Rio de Janeiro, em 1760, e logo despontou como uma atividade econômica promissora.O café encontrou na província do Rio de Janeiro e principalmente nas áreas mais elevadas dos morros cobertas com florestas, o ambiente apropriado para o seu plantio pois precisava de solos que não fossem nem secos nem encharcados e de temperaturas um pouco mais anemas ( O coffea Arábica tem sua origem nas regiões do planalto tropical da Etiópia/ África ) . Nesta época existia ainda, a crença de que o café deveria ser plantado em "mata virgem". A cafeicultura se espalhou então rapidamente por grande parte do Maciço da Tijuca causando forte desmatamento, o que trouxe consequencias desastrosas para o abastecimento de águas da cidade.
Acima a esquerda , um óleo sobre tela da região da Tijuca pintado em torno de 1820 por Nicolas Antoine Taunay. Ao lado a esquerda, outro óleo sobre tela do mesmo artista retratando a cascatinha da Tijuca. Do lado direito, o mesmo lugar hoje, foco de intensa visitação turística.
"O plantio do café foi associado a uma redução da disponibilidade de água, mudando inclusive o regime de chuvas generalizado pelo Rio de Janeiro. A cidade foi atingida por secas severas nos anos de 1824, 1829, 1833 e 1843, entremeadas com algumas estiagens menos graves.Foi no ano de 1843 que o problema periódico da falta d’água atingiu proporções críticas na cidade, fazendo com que o governo passasse a tomar medidas de preservação dos mananciais. Em 1844, o Ministério do Império, que administrava a cidade do Rio de Janeiro, finalmente deu início ao adiado processo de avaliar terras particulares das montanhas próximas. Entre 1845 e 1848 o governo imperial iniciara um programa emergencial de replantio de árvores na Tijuca ... As desapropriações só começaram em 1855. O governo imperial adquiriu um pequeno número de propriedades estrategicamente localizadas junto aos mananciais e altos cursos dos rios Carioca, Maracanã e Comprido.
fonte: www.revistacafeicultura.com.br/
O reflorestamento foi uma iniciativa pioneira em toda a América Latina.
Portanto durante treze anos o major Archer, trabalhando inicialmente com 6 escravos e posteriormente com com 22 trabalhadores assalariados , plantou cerca de 100 mil mudas ( há uma divergência quanto ao numero exato de mudas plantadas) de espécies nativas retiradas das fazendas vizinhas nas Paineiras, em Jacarepagua ou das matas virgens da região de Guaratiba junto ao litoral oeste da cidade.
Hoje, a Floresta da Tijuca ocupa uma área de
Ruínas de uma antiga fazenda de café em meio a floresta na porção da região da pedra da Gávea , testemunhas dos velhos tempos da cafeicultura no local.
sábado, 12 de junho de 2010
Pedra da Gávea Uma Excursão Ecológica a...
Continuando nossa caminhada...
" Próximo ás cristas pedregosas e de difícil acesso, ainda pode-se encontrar trechos remanescentes da Mata Atlântica, com árvores da época do descobrimento como a paineira e o jacarandá. Esses sítios eram considerados inaproveitáveis para o plantio de café e outras culturas que, a partir do início do seculo passado ( século XIX),foram ocupando os espaços das matas derrubadas .
Com decorrência do desmatamento, ocorreu uma grande crise no abastecimento de água para a população da cidade. Isso fez com que o governo de D. Pedro II, a partir de 1860 , providenciasse a recuperação da grande área devastada através de um reflorestamento artificial, para proteger os mananciais que estavam secando.
A regeneração natural das espécies que ainda restaram e as que foram replantadas foi possível devido ao regime especial de proteção que se seguiu ao repovoamemto da floresta. Floresta essa de composição rica e variada, caracterizada por vegetais lenhosos de grande porte, palmeiras, samambaias, epífitas e bromélias. Aliás , a pedra da Gávea é um reduto de bromélias endêmicas como a Vrísea Brassicoides, a Tillandisia Brachyphilla e a Tillandisia Sucrei. Outra bromélia notável é a Pitcairnia Flammea, de flores vermelhas( ilustração acima), cuja exuberância chama a atenção dos agentes polinizadores -que, no momento de observação era um beija-flor-que são atraídos pelo aspecto visual bastante contrastante com a vegetação em entorno. Mais adiante, a Praça da bandeira( foto acima a esquerda) , é parada obrigatória. Bem em cima de uma crista abaulada do morro( parte da montanha da Gávea), a praça é uma clareira quase plana de uns poucos metros quadrados, eventualmente utilizada como área de camping. dali se avista a pedra Bonita, a pedra da Agulha e a" Cabeça do Imperador", de frente, esculpida no paredão da pedra da Gávea . "( foto a direita )
Você sabe porque a pedra da Gávea tem este nome?
Aguarde o proximo capítulo , a qualquer momento, e você vai descobrir....
Próximo capitulo : Um chapéu de Granito
segunda-feira, 7 de junho de 2010
Pedra da Gávea Uma excursão Ecológica a...
Preparados? Então continuando a excursão, com a palavra, o nosso narrador o Geólogo Ivo Medina ....
"A trilha que leva à pedra da Gávea começa no encontro da estradinha de pedra com uma pequena cascata. A picada, cada vez mais íngreme, segue por terrenos cobertos por inúmeros galhos e lianas.O sol atravessa com dificuldade a peneira das folhas, deixando manchas amarelas no chão.
Pedras no caminho
Da metade da subida em diante, blocos de pedras e um sem número de raízes compõem verdadeiros degraus para os caminhantes .As raízes das árvores penetram nas camadas mais endurecidas da encosta, aumentando a aderência do solo e assegurando uma certa estabilidade. Surgem paredões sombrios e úmidos revestidos em parte por avencas, bromélias, samambaias e musgos. Algumas árvores abrigam orquídeas claras. Pequenos riachos cortam o caminho com água boa de beber.
No terço superior da caminhada, a trilha é formada por blocos de pedra angulosos de tamanhos variados . São fragmentos de rochas que se despregaram do grande rochedo fraturado que é a pedra da gávea e, através de desmoronamentos, rolaram e deslizaram por gravidade até formarem, no pé do paredão depositos de tálus. Esse material, removido das partes mais altas e acumulado nesse trecho, compõe encostas íngremes e cobertas de vegetação de todo tipo. O ambiente superúmido facilita a decomposição desses blocos e propicia a formação de um solo raso , jovem formado junto da rocha mãe(solo litólico), mas suficiente para deixar desenvolver grandes árvores enraizadas na pouca quantidade de terra e intervalo das rochas .
Talus:- material incoerente e heterogêneo que se acumula nas encostas e em seus pés, provenientes de material intemperizado e deslocado pela ação da gravidade. Normalmente um talus é composto de inúmeros blocos de rocha, normalmente angulosos ou arredondados devido ao fenômemo da esfoliação esferoidal, imersos numa massa de argila e outros minerais de granulometria bem menor que a dos blocos. Eventualmente grandes blocos, de muitos metros de tamanho, podem também ser encontrados nestes depósitos. Fonte : enciclopedia livre de geociencias na web
Lianas (ou cipós) pertencem a um grupo de plantas que germinam no solo, mantêm-se enraizadas no solo durante toda sua vida e necessitam de um suporte para manterem-se eretas e crescerem em direção a luz abundante disponível sobre as copas das arvores das florestas . As lianas são trepadeiras lenhosas . Fonte Wikipédia
Ufa ! vamos dar uma paradinha para tomar fôlego e conversar um pouquinho?
Você sabia que a floresta da tijuca não é original ? Isto é ela foi em grande parte reflorestada no século XIX ?
Não??!!!
Então não perca o próximo capìtulo da nossa excursão O Repovoamento da floresta!
Se liga aí , não vai perder né?
quinta-feira, 3 de junho de 2010
Mês de janeiro, Salageo e a Pedra da Gávea
Pra começar janeiro com pé direito que tal uma Excursão ecológica a Pedra da Gávea ?
" A Geomorfologia bastante interessante deste bonito recanto do Rio de Janeiro , aliada a uma vegetação densa e luxuriante que cobre as encostas e os vales no entorno da pedra, motivou a produção do programa Globo Ecologia -da rede globo de televisão a realizar uma excursão ecológica à pedra da Gávea...."
Portanto...calce um bom par de tenis, aranje tempo e disposição e venha acompanhar este delicioso passeio, que será editado em" capítulos" e que tem como narrador o geólogo Ivo Medina , o mesmo autor do artigo Geologia Poética do Rio publicado em25/11/09 e que fez tanto sucesso aqui no salageo .
Uma Excursão ecológica à Pedra da Gávea
Antônio Ivo de Menezes Medina / Geólogo
Artigo publicado em A terra em Revista/ número 3 / julho de 1997
" Monumento natural de mais de 800 metros de altitude, a pedra da Gávea é parte do Maciço da Tijuca, situado nos limites do Parque Nacional da Tijuca . Localizada entre as praias da Barra da Tijuca e São Conrado....
.... a Pedra da Gávea forma um anteparo aos ventos úmidos do litoral e determina a retenção de nuvens de chuvas nas partes mais altas, ocasionando índices pluviométricos elevados. Esta umidade constante e a proximidade do mar favorecem a presença de sal e iodo no ar, propiciando um tipo de microclima que torna possível a existência de um ecossistema peculiar enriquecido por espécies vegetais endêmicas . "
A subida começa na estrada Solimã, um canto pouco conhecido da Barra da Tijuca . o caminho inicial é feito sobre pedras irregulares de uma pequena estrada construída por escravos que trabalhavam em antigas fazendas da região. Este calçamento secular, parcialmente revestido de musgo, encontra-se em bom estado de conservação. O acesso por aqui é relativamente fácil e agradável, sempre coberto por sombras das árvores. No começo domima a "maria-sem-vergonha", uma florzinha avermelhada da família das Balsamináceas, que se espalha pelos dois lados do caminho. O pessoal....cruzam apenas com borboletas e escutam alguns passarinhos escondidos no meio dos galhos e folhas . Adiante se avista um Arapaçu- muito parecido com um pica-pau- subindo e descendo pelo tronco de uma árvore à procura de insetos . Uma família de saguis vem espiar os excursionistas e vai embora saltando pelas copas das árvores ....."
Continua numa próxima e breve postagem..... Esperamos vocês.