SalaGeo

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Construções em áreas de risco /Ivo Medina

Mais uma pergunta ao geólogo ....

“ A ocupação da cidade tem sido desumana. Não param de surgir obras em locais de pouca estabilidade.”

“Ainda há tempo de corrigir falhas decorrentes das agressões que a nossa paisagem vem sofrendo pela ação do homem.” ( trechos do artigo Geologia Poética do Rio / Ivo Medina )

Já se passaram cerca de 15 anos, desde que o senhor escreveu este artigo. Que avaliação o senhor faz hoje? Mudou alguma coisa? Patrícia Gomes, Lais Souto e Denise Lima,

Resposta :"Mudou muito com o aumento da população, de moradias – edifícios e favelas, muitas vezes ocupando locais de pouca estabilidade. Existem locais mais seguros para a construção de casas. Outros, como muitas encostas de morros, não podem ser ocupados, mesmo tomando todos os cuidados, pois são considerados de risco.

Os acidentes em encostas, por exemplo, são provocados por hábitos do dia-a-dia e pela forma de ocupação que a população encontra para construir suas casas, principalmente em áreas consideradas de risco geológico.

Continuo dizendo que ainda há tempo para corrigir ou ao menos atenuar falhas resultantes das agressões humanas na nossa cidade. Precisa haver vontade política e iniciativa dos governantes e, sobretudo, uma boa escolha das equipes de trabalho."

No artigo o senhor aponta como soluções para conter as agressões nas encostas dos morros : desocupação das locais de pouca estabilidade, reflorestamento e obras de contenção. As medidas propostas naquela época ainda são eficientes? Se não, existem novas propostas? Urçula Alves ,Maria de Fátima , Renata santos e Tuany Letícia

Resposta : "Sim. Mas há outras. Desocupação em comunidades, mesmo em lugares de risco, muitas vezes é quase que impossível nos dias de hoje. Somente em locais de risco iminente consegue-se interditar, mesmo assim, há muita resistência dos moradores diante das remoções e, nem sempre alternativas razoáveis para mudanças são propostas. Os locais desocupados devem ser reflorestados.

Nos locais ocupados em áreas de terrenos ondulados (topografia acidentada), recomenda-se evitar cortar o terreno para retirar terra ou blocos de rocha. No caso de ter que fazer corte, evitar cortes verticais para construir a casa, principalmente se houver uma casa vizinha logo acima do terreno que se vai cortar.

Não construir muito perto do pé da encosta; não jogar lixo ou entulho sobre a encosta; não plantar bananeiras nas encostas porque elas favorecem a acumulação de água no solo e podem provocar deslizamentos; plantar árvores frutíferas, árvores pequenas e gramíneas perto das casas.

Além dessas medidas simples, é importante limitar fisicamente com muros as áreas de ocupação existentes nas encostas para evitar a sua expansão, que por sinal já vem invadindo, há algum tempo, reservas como o Parque Nacional da Tijuca. O Parque Nacional já está submetido a uma intensa pressão urbana pelo processo de favelização de suas encostas mais baixas. È um processo difícil de ser revertido, mas de grande importância para a melhoria da qualidade de vida carioca.

A proteção dessa área verde do Parque e de outras da cidade traz diversos benefícios ao município. A vegetação preservada protege as nascentes e evita deslizamentos de solo diante das chuvas intensas. Favorece, ainda, a sobrevivência de várias espécies animais, inclusive mamíferos de porte."

Nenhum comentário:

Postar um comentário