SalaGeo

domingo, 1 de novembro de 2009

Do ouro a soja / Riquesas do Cerrado



Alô turma da terceira série o salageo publica trechos selecionados do artigo de Rodrigo Cunha que saiu na revista eletrônica comciencia falando sobre o Cerrado , as atividades econômicas através dos tempos e os impactos ambientais decorrentes .

...." A migração para o interior do país, hoje mais intensa, começou a dar os seus primeiros passos com os bandeirantes paulistas, já no século XVI. Esse movimento foi estimulado pela coroa portuguesa para fixar seus limites geográficos em relação aos domínios espanhóis no continente..... Com a exploração do ouro, começam a se formar as primeiras vilas e povoados não indígenas no centro do país...o apogeu da exploração do ouro foi logo após a criação das capitanias, entre 1750 e 1754, quando foram extraídos 35 mil quilos de ouro em Goiás e Mato Grosso, cerca de 7 mil quilos por ano. Juntas, essas capitanias não conseguiam alcançar a produção já enfraquecida de Minas Gerais, de 8.789 quilos por ano, e também começaram a entrar em declínio. As economias da região começam a migrar gradativamente para a pecuária, já expressiva na porção mineira do Cerrado, entre Uberaba e Uberlândia, e para a agricultura, nas poucas regiões férteis do bioma. A abertura para navegação do rio Araguaia, no século XIX, gera novas possibilidades de ligação comercial, unindo Goiás e Mato Grosso ao Norte do país, ampliadas ainda mais a partir da ligação por estrada de ferro entre São Paulo e Campo Grande, em 1911, e Minas e Goiás, em 1913. A população e a economia no Brasil Central, no entanto, ainda cresciam lentamente. “Embora a região dos cerrados tenha sido objeto de variados esforços de ocupação ao longo da história, ela se manteve relativamente vazia, dos pontos de vista econômico e populacional, até meados do século XX”, afirma Diniz.
Dois grandes fatores foram cruciais para acelerar esse processo, de acordo com o geógrafo. O primeiro, uma idéia antiga, de José Bonifácio, do período do Império, prevista no texto da primeira constituição republicana do país, de 1891: a transferência da capital para o Planalto Central. Concretizada no governo de Juscelino Kubitcsheck, em 1960, Brasília proporcionou a ligação do centro com o restante do país através de rodovias, além de atrair a criação de infra-estrutura em energia e em telecomunicações para a região central. O segundo fator, essencial para o agronegócio, foi o avanço da pesquisa científica e tecnológica, particularmente a partir dos anos 1970, envolvendo universidades e empresas e capitaneado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Esse avanço, aliado à impossibilidade de ampliação das áreas produtoras de grãos no Sul e em São Paulo, onde o preço da terra encareceu, possibilitou a expansão da produção nos cerrados.
“A topografia da região apresenta boas possibilidades para o emprego de práticas agrícolas mecanizadas, visto que o relevo é em geral plano ou de ondulações suaves”, explica Diniz. “O principal obstáculo à agricultura nos cerrados diz respeito à baixa fertilidade natural, limitada devido à sua acidez (baixo pH) e baixo teor de cálcio. Essas características, no entanto, foram superadas com a correção do solo, superando os problemas de fertilidade mediante adição dos componentes químicos em que os cerrados eram deficientes”, completa.
Para se ter uma idéia, de acordo com o IBGE, a área de cultivo de soja no Cerrado saltou de 571 mil hectares, em 1975, para 10.092 mil hectares, em 2003, aumentando a representação de 10% para 54% do total do país. Nesse período, a produção do grão passou de 853 mil toneladas para 27.986 mil toneladas nos cerrados. O gado bovino saltou de 33.960 mil cabeças, ou 34% do total, em 1975, para 85.057 mil cabeças ou 43% do total, em 2003. A produção de gado e soja trouxeram na esteira a indústria processadora de matéria-prima de origem animal e vegetal. De 1970 a 2004, a indústria frigorífica bovina do Centro-Oeste saltou de 25% do total de abates no país para 40%, passando de 10,7 milhões de cabeças para 25,8 milhões de cabeças. Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul tinham em 2004 mais da metade dos 125 matadouros frigoríficos instalados na região do Cerrado...
Outros dois produtos que têm se destacado recentemente na região são o algodão e a cana-de-açúcar, que também podem atrair futuramente indústrias têxteis e de processamento de álcool. A partir da queda na produção nacional de algodão, nos anos 1990, ela começa uma recuperação em Mato Grosso, graças a pesquisas da Embrapa para adaptação das sementes, e se espalha pelas porções de Cerrado de Mato Grosso do Sul, Goiás, Bahia e Minas Gerais. Em 2003, os cerrados já respondiam por 88% da produção nacional com suas 1.944 mil toneladas de algodão. As pesquisas de adaptação de cultivares também possibilitaram que o plantio de cana se expandisse nas regiões de Cerrado, particularmente na porção paulista, no triângulo mineiro e nos estados do Centro-Oeste. As 183.072 mil toneladas de cana produzidas em áreas desse bioma representavam, em 2003, 43% do total produzido no país...."

Se você quer ler o artigo na integra e outros mais falando do cerrado entre no link a seguir ...
http://www.comciencia.br/comciencia/handler.php?section=8&edicao=42

Não se esqueça que comciencia é uma revista eletrônica editada pela USP que você pode acompanhar todas a publicações aí ao lado esquerdo ,nos sites de pesquisas

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