SalaGeo

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terça-feira, 28 de julho de 2009

Terça Poética (20)

[ Oi pessoal. Semana passada estava com uns problemas de acesso à internet... Mas tô aqui.
Bem, correria agora na minha vida já voltou ao normal: estudar, militar, estar solta por aí em mil aventuras. Sexta-feira foi meu último dia de trabalho no Mercadão de Madureira mas na próxima segunda começam minhas aulas na UFRJ, me preparo para os trotes (ou para fugir deles).]


OITO DIAS


...........À Yosef ben Avraham Avinu

Que a chuva inunde a praça da próxima vez!
Que nem velas os homens acendam!
Que seja puro e lindo como há oito dias.

Divida-me o caminho,
a existência,
o prazer,
o põr-do-sol,
o amor,
a luta pelo socialismo,
o nascer dos dias mais belos,
e muito mais...
Tanta surpresa virá.

Amo-te.
Que o mundo inteiro saiba disto.
Quando estivermos juntos
que o tempo silencie!

Que os versos meus sejam todos para ti.


(Viviane de Sales)

terça-feira, 14 de julho de 2009

Terça Poética (19)


[ Semana passada estava corrida demais, desculpem-me aí não ter postado. ]


Um passo de cada vez, pra quê?

Se o que há de ser percorrido simplesmente será.
Perguntas são tantas,
são muitas,
se esgotam e se multiplicam,
se arrebentam ao meio,
e se diminuem!

A cada frase, uma condenação.
Um fruto caído,
um homem estendido.

E agora, já cansada de tudo,
procuro as chaves de casa.

Como sempre.

Seu sorriso era perfeito.



(Viviane de Sales)

terça-feira, 30 de junho de 2009

Terça Poética (18)

ELOGIO DO REVOLUCIONÁRIO

Quando aumenta a repressão, muitos desanimam.
Mas a coragem dele aumenta.
Organiza sua luta pelo salário, pelo pão
e pela conquista do poder.
Interroga a propriedade:
De onde vens?
Pergunta a cada idéia:
Serves a quem?
Ali onde todos calam, ele fala
E onde reina a opressão e se acusa o destino,
ele cita os nomes.
À mesa onde ele se senta
se senta a insatisfação.
A comida desce mal e a sala se torna estreita.
Aonde vai há revolta
e de onde o expulsam
persiste a agitação.

(Bertolt Brecht)

terça-feira, 16 de junho de 2009

Terça Poética (em decadência)


[Bom, depois falo mais sobre decadência. Por enquanto ainda durmo. ]



IDEOLOGIA (escrito em janeiro de 2008)


........................as relações (de poder)
constroem o mundo:
no trabalho,
...............na escola,
........na cama...
e quando acaba a transa
hoje em dia
sempre
.......alguém termina com cara de perdedor.


.......................... meu sonho de mundo
é comprar um terço do mundo.


(V. Sales)

terça-feira, 2 de junho de 2009

Terça Poética (16)


CONHECIMENTO

Dançante como a corrente sanguínea.

Esta linha de glóbulos
róseos.
Marítimos ares
de cores
azuis.
Sabemos
menos
que
as
pedras do rio.
E assim,
o conhecimento humano multiplica-se.


(Viviane de Sales)

terça-feira, 26 de maio de 2009

Terça Poética (15)


LUZES

Só um punhado de estrelas
não me basta.

Quero vê-las, todas.
Acordem e vejam junto a mim! Essas luzes
vêm do céu.

Uma única lâmpada acesa
não afastará o abismo. Acordem e vejam!
Sombras batem à porta.

Acendam todas as luzes, agora!
E vejam!
A fadiga, o descanso,
a sorte, tudo faz parte de um emaranhado
de estrelas.

Respirem, e sintam:
-Essa vida tem gosto, tem cheiro,
tem formas, tem idéias
( e luzes).


(Viviane de Sales)

terça-feira, 14 de abril de 2009

Terça Poética (13)


DIA FRIO...

uma ovelha sem asas voava pelo céu de lã,
poesia tem que ter sentido, objeto e sujeito.
ovelha não é sujeito, ovelha é animal, feito
de lã. meu caminho tem asas, onde voarei?
sem saberes, sem poderes e sem cortinas,
sou do tipo que abre a janela num dia frio
só pra sentir frio. preciso me aquecer, me
diga se existe algum calor dentro de mim.


VIVIANE DE SALES

terça-feira, 7 de abril de 2009

Terça Poética (12)


[ Tá aí um poeminha doido 'pro dia nascer feliz.' ]


TECIDO NU

Escrever um poemáculo esta noite
é um objetivo ainda intacto.
Palavras descriadas e malcriadas
cercam-me por todas as quinas.

Se fujo,
encontram-me de modo breve.
Se embrevo-me,
me fujo sem modos...
e me enfio em esquinas.

Se esquino-me,
a caça me enlasca
e as lascas
me caçam em modos femininos.

Se o que faço nada comunica,
desfaço e entrego-me ao chão.
Mas não! O mundo é que não me entende...!
O mundo não me engole,
e eu não me rendo...

Ando vestindo longos vestidos
de tecido nu.
Se escrevo em latim,
que traduzam em aramaico!


VIVIANE DE SALES

terça-feira, 31 de março de 2009

Terça Poética (11)


[ Gente, esse é do tempo das vacas magras! De 2006! Ha-ha! Tirei lá do antigo Blog das Vicentinas. ]


FOTOGRAFIAS


Às vezes canto,
mas ninguém ouve.
Às vezes fico alegre,
mas ninguém vê.
Este silêncio triste, em que vivo,
me condena a parecer quase invisível...
Se eu fosse morrer hoje
rasgaria todos meus poemas,
e todas as cartas que, durante anos,
escrevi para mim mesmo.
Se morresse hoje
deixaria apenas fotografias...
elas seriam a única prova
de que jamais estive no mundo.


VIVIANE DE SALES

terça-feira, 24 de março de 2009

Terça Poética (10)

[ E aí galera, estarei na Festa dos Calouros no sábado. Abraços! ]


VENTO SEM LITORAL


Asas de uma prisão,
carne selvagem,
braços de um rio longo
e sem donos.

Natureza abstrata,
um quase universo
torna realidade
a fantasia dos artistas...
através de meninos
e pedras de gelo.


Fonte: vivianedesales.blogspot.com (escrito em outubro de 2007)

terça-feira, 10 de março de 2009

Terça Poética (7)

[ Ei, galera! Desculpem o sumiço. Vida corrida, carnaval, falta de inspiração e má vontade com o PC. Permitam-me hoje trazer a poesia de uma música muito conhecida entre nós (acabei de acordar querendo ouvi-la!), escrita por Renato Russo: Por Enquanto. ]

Por Enquanto (Renato Russo)

Mudaram as estações e nada mudou
Mas eu sei que alguma coisa aconteceu
Está tudo assim tão diferente
Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre
Sem saber
Que o pra sempre,
sempre acaba!
Mas nada vai conseguir mudar o que ficou
Quando penso em alguém
Só penso em você
E aí então estamos bem
Mesmo com tantos motivos pra deixar tudo como está
nem desistir, nem tentar
Agora tanto faz
Estamos indo de volta pra casa...

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Terça Poética (6)

POEMA QUE ACONTECEU


Nenhum desejo neste domingo
nenhum problema nesta vida
o mundo parou de repente
os homens ficaram calados
domingo sem fim nem começo.

A mão que escreve este poema
não sabe o que está escrevendo
mas é possível que se soubesse
nem ligasse.


(Carlos Drummond de Andrade)

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

A LEI SECA

...
Bebi.
Só uma dose de uísque.
Nada mais que isso.

Depois tomei um chope d' vinho.
Não era quase nada.

Mudei de bar,
e bebi umas duas ou três cervejas.

Saí de lá.
Passei em algum canto
e comprei vodka.

Cantei,
apesar da solidão.
E enlouqueci de tanta loucura!

Esqueci pra onde ia,
atravessei uma avenida qualquer e

m..o..r..r..i
de repente, atropelada por um bêbado
que dirigia um Porsche.

Ai, ai, ai,
ai que saudade de mim!



,
Fonte: vivianedesales.blogspot.com

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Terça Poética (3)

..
Aí, preciso dizer que escrever poesias num feriado não dá sorte.
Poemas são criaturas de dia de semana.
Essa rotina maluca, segunda a sexta,
pão com manteiga, corre-corre,
transporte lotado,
gente suada,
cumprimentos mecânicos (bom dia, pra quem mesmo?),
o álcool do entardecer.

Essa rotina maluca,
é disso que eles (miseráveis poemas) gostam.


Fonte: vivianedesales.blogspot.com

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Terça Poética (2)

[ Em diálogo com os poetas citados no post inaugural... ]



Vivo ao lado da arte, é uma convivência difícil.

.....
.T.......... TtETenho

.............um peso descomunal,

...............................às vezes o vento passa e leva apenas poeira.


................. . Tudo depende

.......... .......... do tipo de arte, de vida, de vento.


Uma parte de mim


............................é paisagem.


Quem sou eu?



Fonte: vivianedesales.blogspot.com

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Terça Poética (1)

...
Decidi começar o projeto Terça Poética aqui no SalaGeo dialogando com Quintana, Clarice, Pessoa e, como sempre, Gullar:


"A arte de viver
É simplesmente a arte de conviver...

Simplesmente, disse eu?
Mas como é difícil!"

(Mário Quintana)



"Posso ser leve como uma brisa, ou forte como uma ventania, depende de quando, e como você me vê passar"
...
(Clarice Lispector)
...
"E o escuro ruído da chuva
É constante em meu pensamento,
Meu ser é a invisível curva
Traçada pelo som do vento...(...)"
...
(Fernando Pessoa)
...
"(...)Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.(...)"
...
(Ferreira Gullar)
..

quarta-feira, 21 de maio de 2008

ILHAS

Não bebo Coca-Cola
nem freqüento fast-foods,
mas uso jeans...
E daí?

Não somos ilhas,
estamos cercados por índios nus
nesta aldeia global.

E não temos nada
além de uma bandeira:
azul vermelha branca.


VIVIANE DE SALES