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sexta-feira, 16 de julho de 2010

O trabalho de Geólogo pelo geólogo Ivo Medina

Gostaríamos que o senhor nos falasse um pouco sobre a profissão de geólogo e de sua importância para a sociedade. Afinal quando se pergunta a um aluno no que deseja se formar , raramente se ouve a resposta geólogo.Hellen Barbosa Teixeira

" O conhecimento geológico está praticamente ausente na educação básica do Brasil. É raro existir como disciplina no ensino médio e fundamental brasileiro. A participação da geologia na educação brasileira ainda é muito limitada. Além disso, a divulgação dessa geociência na sociedade ainda está engatinhando. Na verdade, são poucos os geólogos interessados na divulgação de seus trabalhos e quando o fazem são restritos ao meio científico e acadêmico. Museus e exposições com temas geológicos são restritos. O Museu de Ciência da Terra, na Urca, é um dos poucos no Rio, e sua divulgação é mais ou menos recente.

Daí, a raridade de um aluno querer se formar em geologia, o que de certa forma explica a baixa relação entre candidato e vaga nos exames de vestibular para cursos de geologia.

O Brasil possui atualmente, alguns projetos de divulgação relacionados ao geoturismo – que pode ser definido como turismo ecológico com informações e curiosidades sobre atrativos geológicos (paisagens, monumentos naturais, cavernas, cachoeiras, etc). Dentre eles destaca-se o Projeto Caminhos Geológicos de iniciativa pioneira do Departamento de Recursos Minerais do Estado do Rio de Janeiro (DRM – RJ) com o objetivo de divulgar o conhecimento geológico do estado por meio de painéis ou placas explicativas sobre a evolução geológica do local visitado. Já são mais de 70 painéis distribuídos em cerca de 25 municípios do Rio de Janeiro. Outros exemplos existem no Paraná, na Bahia (CPRM em parceria com a Petrobrás), Rio Grande do Norte.

A profissão do geólogo é muito importante na sociedade porque a inserção da geologia, tanto nas políticas públicas governamentais quanto na iniciativa privada contribui como melhoria da qualidade de vida das pessoas. O conhecimento geológico dos terrenos é fundamental para o aproveitamento de bens minerais metálicos e não metálicos para a indústria, agricultura, obras de engenharia; para o aproveitamento da água subterrânea através de estudos hidrogeológicos que permite conhecer a disponibilidade de água potável; na prevenção de desastres naturais ou induzidos pelo homem, incluindo riscos de deslizamentos nas encostas, e também, no conhecimento da fragilidade das áreas costeiras e fluviais; nas mudanças climáticas; no fornecimento de energia tradicional (hidrelétricas, energia nuclear, combustíveis fósseis como petróleo, carvão, gás natural) e alternativa; e no desenvolvimento do geoturismo e geoconservação do patrimônio geológico e paleontológico, que permite aos turistas conhecer e entender a geologia e a geomorfologia de um sítio geológico, além de estimular a sua conservação.

Outra área de atuação importante é a geologia ambiental que começa a ocupar um espaço importantíssimo na atuação profissional do geólogo e ter um papel significativo no mercado de trabalho. A geologia ambiental é o estudo da geologia aplicada ao meio ambiente, buscando investigar os problemas geológicos decorrentes da relação entre o homem e a superfície terrestre. Ela interage com a geografia, a biologia, a geomorfologia, a agronomia, a química, a medicina, dentre outras para definir as relações entre diversos meios que integram a paisagem. O estudo geoambiental é empregado como instrumento de gestão ambiental de empreendimentos como minerações, hidrelétricas, túneis, estradas, indústrias, aterros sanitários, planos diretores, oleodutos, gasodutos, linhas de transmissão e loteamentos."

Manguezais, especulação imobiliária e preservação ambiental / Ivo Medina

Agora o nosso geólogo fala de especulação imobiliária e preservação ambiental, imperdível ....

Pergunta :.É possível conciliar preservação das áreas de manguezais da região ( Barra da Tijuca) e especulação imobiliária?Janine Teixeira e Bruno Benneti

"Essa conciliação deveria ter começado há muito tempo junto com o começo da especulação imobiliária. Muitos problemas poderiam ter sido evitados se manguezais e margens de lagoas e rios não fossem ocupados. Grande parte dos solos e da drenagem da região já está contaminada por águas servidas, esgotos, lixo, materiais e substâncias tóxicas. Esses contaminantes infiltrados no solo, certamente já atingiram, em certos locais, a água subterrânea, além das águas superficiais – córregos riachos, rios, lagoas e até o mar.

As várzeas de rios e manguezais devem ficar livres de aterros e de edificações, pois fazem parte das bacias de acumulação indispensáveis ao equilíbrio ambiental, principalmente durante os períodos de chuvas e enchentes. A ocupação irregular ou a especulação imobiliária além de expor moradores aos efeitos das enchentes dificulta o desempenho de importantes funções ambientais físicas e biológicas dessas áreas."

Pergunta:Sendo o senhor um profissional bastante experiente e grande conhecedor das estruturas e dos terrenos de nossa cidade, que espaço ou forma de relevo, em especial, o senhor apontaria necessitar mais atenção, tanto por parte das autoridades como da população em geral, pois encontra-se mais ameaçado ou sofre maior agressão?Professora Cristina Ramos

"Os mangues, as margens de rios e lagoas, as encostas dos morros, as áreas preservadas como parques, reservas e outras de preservação ambiental protegidas por lei. São, em geral, áreas de grande fragilidade ambiental (geológica, geotécnica, biológica) sensíveis às modificações no seu entorno pelo uso e ocupação urbana. As condições geotécnicas desses terrenos limitam o uso desses solos que necessitam de processos de contenção, conservação e correção complexos, intensos e caros para garantir e prevenir a degradação das terras."

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Construções em áreas de risco /Ivo Medina

Mais uma pergunta ao geólogo ....

“ A ocupação da cidade tem sido desumana. Não param de surgir obras em locais de pouca estabilidade.”

“Ainda há tempo de corrigir falhas decorrentes das agressões que a nossa paisagem vem sofrendo pela ação do homem.” ( trechos do artigo Geologia Poética do Rio / Ivo Medina )

Já se passaram cerca de 15 anos, desde que o senhor escreveu este artigo. Que avaliação o senhor faz hoje? Mudou alguma coisa? Patrícia Gomes, Lais Souto e Denise Lima,

Resposta :"Mudou muito com o aumento da população, de moradias – edifícios e favelas, muitas vezes ocupando locais de pouca estabilidade. Existem locais mais seguros para a construção de casas. Outros, como muitas encostas de morros, não podem ser ocupados, mesmo tomando todos os cuidados, pois são considerados de risco.

Os acidentes em encostas, por exemplo, são provocados por hábitos do dia-a-dia e pela forma de ocupação que a população encontra para construir suas casas, principalmente em áreas consideradas de risco geológico.

Continuo dizendo que ainda há tempo para corrigir ou ao menos atenuar falhas resultantes das agressões humanas na nossa cidade. Precisa haver vontade política e iniciativa dos governantes e, sobretudo, uma boa escolha das equipes de trabalho."

No artigo o senhor aponta como soluções para conter as agressões nas encostas dos morros : desocupação das locais de pouca estabilidade, reflorestamento e obras de contenção. As medidas propostas naquela época ainda são eficientes? Se não, existem novas propostas? Urçula Alves ,Maria de Fátima , Renata santos e Tuany Letícia

Resposta : "Sim. Mas há outras. Desocupação em comunidades, mesmo em lugares de risco, muitas vezes é quase que impossível nos dias de hoje. Somente em locais de risco iminente consegue-se interditar, mesmo assim, há muita resistência dos moradores diante das remoções e, nem sempre alternativas razoáveis para mudanças são propostas. Os locais desocupados devem ser reflorestados.

Nos locais ocupados em áreas de terrenos ondulados (topografia acidentada), recomenda-se evitar cortar o terreno para retirar terra ou blocos de rocha. No caso de ter que fazer corte, evitar cortes verticais para construir a casa, principalmente se houver uma casa vizinha logo acima do terreno que se vai cortar.

Não construir muito perto do pé da encosta; não jogar lixo ou entulho sobre a encosta; não plantar bananeiras nas encostas porque elas favorecem a acumulação de água no solo e podem provocar deslizamentos; plantar árvores frutíferas, árvores pequenas e gramíneas perto das casas.

Além dessas medidas simples, é importante limitar fisicamente com muros as áreas de ocupação existentes nas encostas para evitar a sua expansão, que por sinal já vem invadindo, há algum tempo, reservas como o Parque Nacional da Tijuca. O Parque Nacional já está submetido a uma intensa pressão urbana pelo processo de favelização de suas encostas mais baixas. È um processo difícil de ser revertido, mas de grande importância para a melhoria da qualidade de vida carioca.

A proteção dessa área verde do Parque e de outras da cidade traz diversos benefícios ao município. A vegetação preservada protege as nascentes e evita deslizamentos de solo diante das chuvas intensas. Favorece, ainda, a sobrevivência de várias espécies animais, inclusive mamíferos de porte."

quarta-feira, 14 de julho de 2010

A Barra da Tijuca e as Olimpíadas de 2016/ Ivo Medina

Mais algumas respostas dadas pelo geólogo Ivo Medina a entrevista cedida aos nossos alunos do Vicente jannuzzi e a este espaço aqui na rede ....

A baixada de jacarepaguá que abriga os bairros de Barra, Recreio e Jacarepaguá , vem sofrendo ao longo dos últimos anos forte urbanização com conseqüências desastrosas para a paisagem local. Sabemos que a cidade olímpica assim como tantas outras obras esportivas ou de infraestrutura que serão construídas para o Rio de 2016 estarão concentradas neste lugar . O senhor acredita que a região, sob o ponto de vista geólogo, será capaz de suporta e assimilar mais esse impacto?

Aluna Cintia Cristina ( responsável pela seção de meio ambiente do salageo)

"A expansão imobiliária sobre a vegetação de restinga e de mangues, o precário sistema de saneamento, a ocupação tanto ordenada quanto desordenada já denotam uma grande falha no mecanismo da gestão ambiental, com ênfase para as áreas que deviam ser preservadas (por lei) como manguezais e margens de rios e lagoas. Todo esse ambiente, em parte sujeito à inundações, é considerado como de alta suscetibilidade à contaminação, principalmente por sistemas precários de saneamento. Os principais problemas ambientais que ocorrem nessa

faixa de terra estão relacionados ao desmatamento, destruição de dunas, para implantação de empreendimentos imobiliários com infra-estrutura quase sempre ineficiente, contaminação de rios, lagoas e do lençol freático geralmente pouco profundo.

Tudo isso aponta a necessidade urgente de quantificar e qualificar a intensidade dos impactos que ocorrerão a partir das obras que serão construídas através de um estudo sério e meticuloso de impacto ambiental com proposições de medidas, sobretudo preventivas para evitar ou ao menos atenuarem ao máximo os impactos decorrentes.

Deve-se ressaltar que tanto os mangues e os brejos, quanto os terrenos montanhosos devem ser destinados prioritariamente para a preservação ambiental."

Projeto da Vila Olímpica na Barra da Tijuca

Numa avaliação geral, o senhor considera positivo a realização das olimpíadas de 2016 em nossa cidade ?

Laisa Cavalcante e Thais Pereira

"Sim, desde que se elaborem estratégias e um bom planejamento calcado em diagnósticos e prognósticos ambientais envolvendo estudos do meio físico, biológico e socioeconômico. E, acima de tudo, que haja um gerenciamento honesto dos recursos a serem aplicados – recursos públicos e privados. As aplicações terão de ser transparentes e visíveis aos olhos da sociedade."

Continuação do projeto das Olimpíadas na Região da Barra e Recreio

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Excursão Virtual à Pedra da Gávea CPRM

Alô amantes da natureza, alô fãs da Pedra da Gávea , alô curiosos e estudiosos , alô todo mundo....
Já está disponível aí ao lado nos sites de pesquisa um material preparado pelo geólogo Ivo Medina e publicado no site da CPRM com tudo o que você sempre desejou saber sobre esta magestosa montanha que encanta a todos que um dia tiveram o previlégio de avistá-la .


Venha se " achar" nesta trilha ....
link: http://www.cprm.gov.br/geoecoturismo/pedra_gavea/excursaovirtual.html

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Pedra da Gávea Uma excursão Ecológica a...

E finalmente no topo da pedra.... Com a palavra o geólogo Ivo Medina .
"Do alto dos seus 842m, a vista que se tem é magnífica. O PãodeAçúcar ao longe; a crista do morro Dois Irmãos cortado por enorme fratura formando os dosi picos; as escarpas de falha do corcovado; a lagoa Rodrigo de Freitas enclausurada pelas pequenas dunas de Ipanema e Leblom; as ilhas Cagarras e a ilha Rasa; vales profundos cobertos por florestas....

( foto com vista em direção ao norte) ...a praia da Barra da Tijuca separando com seus cordões arenosos a lagoa de Marapendi do mar; os terrenos de planícies , a baixada de jacarepaguá surgindo entre a montanha e o mar.

( foto com vista em direção sul) O clima-combinado com as diferentes composições mineralógicas e estruturas das rochas-deixa sua marca, desenhando o relevo e dando-lhes as feições atuais . A paisagem que conhecemos, é na verdade, o resultado de um grandioso trabalho escultural da natureza, que usou como ferramentas principais os agentes erosivos de corte, torneamento, polimento, remoção e acumulação. O material removido e transportado das partes mais altas, por gravidade e pelas águas, vai compor encostas íngremes e suaves e as partes baixas da planície estendendo-se até o litoral, contribui também com a formação das praias e dos manguezais .
O cenário visto da pedra da gávea é tão fascinante que qualquer descrição técnica e científica não alcança o que se sente. A emoção que a natureza nos transmite está bem além das palavras. "

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Pedra da Gávea Uma excursão Ecológica a...

Então... já estamos quase no topo falta só mais um pouquinho . Continuando as explicações do nosso guia o geólogo Ivo Medina

" Água mole em pedra dura
A presença de fraturas( falhas e juntas ) contribui também para a pedra da Gávea ter essa forma atual...... As fraturas abrem o caminho das águas e definem os primeiros traços do relevo carioca. Através dessas fendas a umidade se concentra e inicia o processo de decomposição . Da para perceber os minerais virando argila, caulim e crosta de ferrugem. É assim que água "mole em pedra dura tanto bate até que fura".

As águas alargam as fraturas formando vales e acentuando encosta. Entre a pedra da Gávea e a pedra Bonita ocorre um vale de falha em forma de V( indicado com seta na foto) . Em tempos remotos elas faziam parte da mesma elevação. O granito que está no topo de uma é o mesmo do topo da outra .

As encostas da Gávea, expostas à insolação, às chuvas e a ação bioquímica dos liquens, foram recuando através de desplacamentos contínuos ao longo de fraturas quase verticais , até chegarem à forma conhecida dos paredões de hoje.
A Proteção da Floresta

A evolução das encostas dos morros em meio tropical úmido está ligado a desmoronamentos e deslizamentos, que são, em geral favorecidos pela ausência de vegetação. Esta dinâmica é natural e inevitável nos relevos montanhosos ....

A floresta reflete as características do solo e do clima da região..... A floresta da Tijuca, em sua composição rica e variada, com diferentes plantas atingindo diversos níveis de altura, pode ser considerada como uma valiosa reserva de fauna da Serra do Mar .....

No alto da montanha, a vegetação se apresenta totalmente descaracterizada, tomada por capim e algumas árvores leguminosas esparsas ...... "
Finalmnte chegamos ao topo da Pedra da gávea ! Não perca o nosso último capítulo numa próxima e breve postagem.... Esperamos vocês!!

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Formação das lagoas Rio/ Ivo Medina

Continuando com a entrevista ao geólogo Ivo Medina ....

Sabemos que as lagoas costeiras como a de Rodrigo de Freitas ou da região da baixada de Jacarepaguá se formaram por fechamento de restingas que aprisionaram parte do mar. Este é o futuro também da restinga de Marambaia e da baía de Sepetiba ?
Alunas :Raiane e Jaqueline Lopes

"É provável que não. A baía de Sepetiba é um corpo de águas salinas e salobras, de forma quase elíptica que se comunica com o oceano Atlântico por meio de duas passagens: na parte leste pelo canal que deságua na Barra de Guaratiba e na parte oeste, entre os cordões de ilhas entre a ponta da restinga (ilha de Marambaia) e a ilha de Itacuruçá. Essa abertura é grande e não acompanha o desenho mais ou menos retilíneo da costa. A extensão, a forma e a continuidade das restingas são muito variáveis ao longo da costa.
Na lagoa Rodrigo de Freitas e nas lagoas da baixada de Jacarepaguá ocorrem restingas que fecham a lagoa (o antigo pedaço de mar enclausurado) apoiadas em suas extremidades por pontões ou ilhas rochosas. A restinga de Marambaia também se encontra apoiada em pontas rochosas, mas a grande abertura a oeste da baía, não faz parte desse sistema de restingas que se caracteriza pela retificação da linha da costa. É pouco provável que ocorram correntes marinhas lançando pontas de areia nesse trecho aprisionando a baía de Sepetiba."

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Pedra da Gávea Uma excursão Ecológica a...

Onde nós estavamos mesmo??
Ah! sim descansando nesta clareira conhecida como Praça da Bandeira e finalmente vamos saber porque a pedra tem este nome. O relato pode até,em parte,ser um tanto técnico mas vale a pena ouvir. Com a palavra, este nosso geólogo .... Ivo Medina
Um chapéu de Granito
"A pedra tem esse nome porque sua forma lembra aquela parte que ficava no alto dos mastros dos antigos galeões que servia para os marinheiros avistarem à distância . O topo é quase plano, ao contrário da maioria dos morros pontudos ou arredondados do Rio. Ela é formada por um dique de granito, quase horizontal, compondo o topo e por gnaiss atè a base.Essa rochas respondem de forma diferente aos agentes da erosão-água, vento, calor e frio e atividades biológicas-bastante eficiante no clima tropical úmido do Rio de Janeiro. O topo granítico,mais resistente às intempérias,protege o resto da montanha formada pelo gnaiss mais vulnerável. Pode-se dizer que é uma montanha de Gnaiss com um chapéu de Granito. As cavidades dos olhos e orelha ( vide foto logo aí abaixo no poste de 12/1/10 ) da " cabeça do Imperador" foram formadas pela erosão que atuou com mais rigor em zonas de fraqueza do gnaiss, próxima ao contato com o granito. A chuva, agente erosivo de destaque, vai continuar a trabalhar nessas reentrâncias enquanto perdurar o clima úmido da região. A tendência dos olhos é virar uma caverna com marquise, à semelhança do que ocorre com a orelha, que vem servindo como abrigo aos montanhistas."

sábado, 12 de junho de 2010

Pedra da Gávea Uma Excursão Ecológica a...

Repovoamento da floresta / Ivo Medina geólogo
Continuando nossa caminhada...
" Próximo ás cristas pedregosas e de difícil acesso, ainda pode-se encontrar trechos remanescentes da Mata Atlântica, com árvores da época do descobrimento como a paineira e o jacarandá. Esses sítios eram considerados inaproveitáveis para o plantio de café e outras culturas que, a partir do início do seculo passado ( século XIX),foram ocupando os espaços das matas derrubadas .
Com decorrência do desmatamento, ocorreu uma grande crise no abastecimento de água para a população da cidade. Isso fez com que o governo de D. Pedro II, a partir de 1860 , providenciasse a recuperação da grande área devastada através de um reflorestamento artificial, para proteger os mananciais que estavam secando.
A regeneração natural das espécies que ainda restaram e as que foram replantadas foi possível devido ao regime especial de proteção que se seguiu ao repovoamemto da floresta. Floresta essa de composição rica e variada, caracterizada por vegetais lenhosos de grande porte, palmeiras, samambaias, epífitas e bromélias. Aliás , a pedra da Gávea é um reduto de bromélias endêmicas como a Vrísea Brassicoides, a Tillandisia Brachyphilla e a Tillandisia Sucrei. Outra bromélia notável é a Pitcairnia Flammea, de flores vermelhas( ilustração acima), cuja exuberância chama a atenção dos agentes polinizadores -que, no momento de observação era um beija-flor-que são atraídos pelo aspecto visual bastante contrastante com a vegetação em entorno. Mais adiante, a Praça da bandeira( foto acima a esquerda) , é parada obrigatória. Bem em cima de uma crista abaulada do morro( parte da montanha da Gávea), a praça é uma clareira quase plana de uns poucos metros quadrados, eventualmente utilizada como área de camping. dali se avista a pedra Bonita, a pedra da Agulha e a" Cabeça do Imperador", de frente, esculpida no paredão da pedra da Gávea . "( foto a direita )



Você sabe porque a pedra da Gávea tem este nome?
Aguarde o proximo capítulo , a qualquer momento, e você vai descobrir....
Próximo capitulo : Um chapéu de Granito

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Pedra da Gávea Uma excursão Ecológica a...

E aí galera, curtindo a subida? Tá fácil né? Por enquanto.....
Preparados? Então continuando a excursão, com a palavra, o nosso narrador o Geólogo Ivo Medina ....
"A trilha que leva à pedra da Gávea começa no encontro da estradinha de pedra com uma pequena cascata. A picada, cada vez mais íngreme, segue por terrenos cobertos por inúmeros galhos e lianas.O sol atravessa com dificuldade a peneira das folhas, deixando manchas amarelas no chão.
Pedras no caminho
Da metade da subida em diante, blocos de pedras e um sem número de raízes compõem verdadeiros degraus para os caminhantes .As raízes das árvores penetram nas camadas mais endurecidas da encosta, aumentando a aderência do solo e assegurando uma certa estabilidade. Surgem paredões sombrios e úmidos revestidos em parte por avencas, bromélias, samambaias e musgos. Algumas árvores abrigam orquídeas claras. Pequenos riachos cortam o caminho com água boa de beber.
No terço superior da caminhada, a trilha é formada por blocos de pedra angulosos de tamanhos variados . São fragmentos de rochas que se despregaram do grande rochedo fraturado que é a pedra da gávea e, através de desmoronamentos, rolaram e deslizaram por gravidade até formarem, no pé do paredão depositos de tálus. Esse material, removido das partes mais altas e acumulado nesse trecho, compõe encostas íngremes e cobertas de vegetação de todo tipo. O ambiente superúmido facilita a decomposição desses blocos e propicia a formação de um solo raso , jovem formado junto da rocha mãe(solo litólico), mas suficiente para deixar desenvolver grandes árvores enraizadas na pouca quantidade de terra e intervalo das rochas .

Talus:- material incoerente e heterogêneo que se acumula nas encostas e em seus pés, provenientes de material intemperizado e deslocado pela ação da gravidade. Normalmente um talus é composto de inúmeros blocos de rocha, normalmente angulosos ou arredondados devido ao fenômemo da esfoliação esferoidal, imersos numa massa de argila e outros minerais de granulometria bem menor que a dos blocos. Eventualmente grandes blocos, de muitos metros de tamanho, podem também ser encontrados nestes depósitos. Fonte : enciclopedia livre de geociencias na web

Lianas (ou cipós) pertencem a um grupo de plantas que germinam no solo, mantêm-se enraizadas no solo durante toda sua vida e necessitam de um suporte para manterem-se eretas e crescerem em direção a luz abundante disponível sobre as copas das arvores das florestas . As lianas são trepadeiras lenhosas . Fonte Wikipédia


Ufa ! vamos dar uma paradinha para tomar fôlego e conversar um pouquinho?
Você sabia que a floresta da tijuca não é original ? Isto é ela foi em grande parte reflorestada no século XIX ?
Não??!!!
Então não perca o próximo capìtulo da nossa excursão O Repovoamento da floresta!
Se liga aí , não vai perder né?

A paisagem do Rio de Janeiro e a ocupação humana

Continuando a publicação da entrevista com o geólogo Ivo Medina....

Pergunta: alunas Priscila Pereira e Marina Rodrigues

“ além das forças modeladoras invisíveis, as ferramentas da natureza são ...”

Até que ponto, a presença humana influencia ou altera a fisionomia da paisagem carioca ?

Resposta : Ivo Medina /geólogo

"As pessoas fazem parte da paisagem natural e respondem, também, pela sua transformação: Exploram e desagregam as rochas, escavam os solos e rochas para fundações de edificações, barragens, minerações, cortam e aterram terrenos para estradas, ocupam morros e vales de rios para moradias, desmatam áreas para plantio e criação de animais. Tudo isso acontece na paisagem do Rio de Janeiro.

A forma da paisagem é resultante de uma inter-relação de elementos como o clima, rocha, solos, água, organismos – agentes importantes do intemperismo e erosão. A paisagem é assim resultante de processos dinâmicos. Essa dinâmica superficial é alterada de forma contínua pela ação do homem na paisagem, sendo cada vez mais intensa com o uso e a ocupação tanto ordenada quanto desordenada dos terrenos.

Nos países mais desenvolvidos, trabalhos de engenharia removem maior volume de solos e rocha a cada ano do que todos os processos naturais de erosão combinados."

imagem acima / ao lado: aeroporto Santos Dumont construído em área de aterro

Atenção alunos das Turmas 3003/4

Tarefa para esta semana valendo pontos no bimestre : É sabido que a cidade do Rio de janeiro passou e vem passando por modficações profundas na paisagem, em decorrência da ação do homem ocupando o espaço como bem exclarece o senhor Ivo Medina no texto acima . Agora é com você aluno aluno....pesquise e deixe um relato aí nos comentários apresentando um exemplo de mudança na paisagem/relevo de nossa cidade fruto da interferência humana .É necessário que seu relato apresentea as seguintes informações : local, época que ocorreu, como era antes, como fcou depois , consequencias socio-econômicas, etc...

Atenção para quem ainda não fez tarefa / Locais a pesquisar na cidade ainda não escolhidos....

túnel de copacabana / ponte Rio -Niterói/ metrô do rio/ corte de cantagalo /

áreas de aterro a pesquisar : praça Mauá e cás do porto / região de são cristovão e rodoviária novo rio / avenida beira mar/ passeio público/ av chile/ joquei club / remoção do morro de santo antônio /aeroporto santos dumont

O link a seguir pode ser de grande utilidade para tirar idéias( não vale recortar e colar )

http://portalgeo.rio.rj.gov.br/EOUrbana/



quinta-feira, 3 de junho de 2010

Mês de janeiro, Salageo e a Pedra da Gávea

O salageo, como de costume, durante o recesso escolar, publica matérias ligadas à passeios e dá dicas de onde ir e o que ver fora e dentro da cidade com pouco dinheiro no bolso .

Pra começar janeiro com pé direito que tal uma Excursão ecológica a Pedra da Gávea ?



" A Geomorfologia bastante interessante deste bonito recanto do Rio de Janeiro , aliada a uma vegetação densa e luxuriante que cobre as encostas e os vales no entorno da pedra, motivou a produção do programa Globo Ecologia -da rede globo de televisão a realizar uma excursão ecológica à pedra da Gávea...."



Portanto...calce um bom par de tenis, aranje tempo e disposição e venha acompanhar este delicioso passeio, que será editado em" capítulos" e que tem como narrador o geólogo Ivo Medina , o mesmo autor do artigo Geologia Poética do Rio publicado em25/11/09 e que fez tanto sucesso aqui no salageo .



Uma Excursão ecológica à Pedra da Gávea

Antônio Ivo de Menezes Medina / Geólogo

Artigo publicado em A terra em Revista/ número 3 / julho de 1997



" Monumento natural de mais de 800 metros de altitude, a pedra da Gávea é parte do Maciço da Tijuca, situado nos limites do Parque Nacional da Tijuca . Localizada entre as praias da Barra da Tijuca e São Conrado....

.... a Pedra da Gávea forma um anteparo aos ventos úmidos do litoral e determina a retenção de nuvens de chuvas nas partes mais altas, ocasionando índices pluviométricos elevados. Esta umidade constante e a proximidade do mar favorecem a presença de sal e iodo no ar, propiciando um tipo de microclima que torna possível a existência de um ecossistema peculiar enriquecido por espécies vegetais endêmicas . "

A subida começa na estrada Solimã, um canto pouco conhecido da Barra da Tijuca
. o caminho inicial é feito sobre pedras irregulares de uma pequena estrada construída por escravos que trabalhavam em antigas fazendas da região. Este calçamento secular, parcialmente revestido de musgo, encontra-se em bom estado de conservação. O acesso por aqui é relativamente fácil e agradável, sempre coberto por sombras das árvores. No começo domima a "maria-sem-vergonha", uma florzinha avermelhada da família das Balsamináceas, que se espalha pelos dois lados do caminho. O pessoal....cruzam apenas com borboletas e escutam alguns passarinhos escondidos no meio dos galhos e folhas . Adiante se avista um Arapaçu- muito parecido com um pica-pau- subindo e descendo pelo tronco de uma árvore à procura de insetos . Uma família de saguis vem espiar os excursionistas e vai embora saltando pelas copas das árvores ....."





Continua numa próxima e breve postagem..... Esperamos vocês.





terça-feira, 1 de junho de 2010

A paisagem do Rio de janeiro

O salageo publica hoje, e durante todo mês de junho, uma entrevista feita pelos alunos da terceira série do colégio estadual Vicente Jannuzzi ao geólogo Ivo Medina , já no finalzinho do ano letivo de 2009 . Este material foi guardado cuidadosamente esperando o tempo certo de ser divulgado nesse espaço. Assim como seu trabalho anteriormente aqui publicado, Uma excurção ecológica a pedra da Gávea , será feito em etapas de acordo com os questionamentos dos alunos da terceira série deste ano , sobre a paisagem( relevo e geologia) do Brasil e em especial do Rio de janeiro que no momento estão sendo desenvolvidos em classe .



Observando as praias do Rio de janeiro podemos perceber diferentes tons e granulações em suas areias . Existe alguma explicação para isto? Pergunta das alunas Raiane Lira e Jaqueline Lopes 306/2009

Resposta do Geólogo Ivo Medina

"A dinâmica das ondas, das marés e das correntes marinhas é diferente ao longo dos litorais. Nas praias oceânicas como Copacabana, Ipanema, Leblon, São Conrado e Barra de Tijuca, as ondas que se aproximam e arrebentam no litoral são fortes e produzem uma abrasão (erosão marinha) mais intensa, fazendo com que os grãos de areia sejam mais trabalhados e, portanto, menores, arredondados e selecionados. Além disso, há o trabalho do vento que seleciona ainda mais a areia. Nesse caso dominam areias mais finas e claras, predominando o claro mineral quartzo, mais resistente à erosão. Os menos resistentes como o feldspato e a mica sofreram maior desgaste e a maioria deles já se foi. Nas praias da baía de Guanabara, onde o mar é mais calmo, as granulações das areias são mais grossas e há mais mistura do quartzo com outros minerais.

As cores das areias dependem muito do material de origem – a rocha mãe dos sedimentos. As rochas gnáissicas existentes no entorno da Praia Vermelha (imagem abaixo) , por exemplo, são ricas em granada, um mineral de brilho vítreo e tons avermelhados.

Nas areias encontra-se uma quantidade expressiva desse mineral, dando tons vermelhos e o nome da praia.

Ocorrem, também, areias escuras – “areias negras” onde há concentração local de minerais pesados e opacos de cor negra como a ilmenita, magnetita e hematita.

Existem praias em outros países, como o Chile, que as areias são bem escuras – cinza escuro – porque as rochas mais próximas são vulcânicas com predominância de minerais escuros ferro-magnesianos."

A esquerda : praia de Sepetiba de areia grossa / a direita : praia de São Conrado de areias finas e claras

domingo, 23 de maio de 2010

O relevo da cidade do Rio de janeiro/ Geologia poética do Rio de Janeiro parte I

O salageo reedita este maravilhoso texto do geólogo Ivo Medina hoje, um dos mais conceituados estudioso na área de geologia ambiental na cidade e do país . Escrito no início dos anos 90 quando as chuvas de verão castigavam a cidade e era preciso alertar à população para os problemas de ocupação irregular das encostas , os impactos ambientais consequentes e da necessidade de ação imediata de todos . Nesta primeira parte ele descreve de forma técnica e poética todas as fisionomias do relevo carioca. Apreciem a beleza do texto....

Geologia Poética do Rio
“Passaram-se alguns bilhões de anos para sermos o que somos. Antes do homem, este recém- nascido, muita pedra rolou na superfície da terra. A paisagem carioca, com suas escarpas nuas e roliças, rochedos em forma de caninos apontados para o céu, ilhas e baía de Guanabara, é o resultado de longo e caprichoso trabalho de deformação, corte, torneamento, polimento, remoção, acumulação e outros processos. Um grandioso trabalho escultural. Alem das forças modeladoras invisíveis, as ferramentas da natureza são o vento a chuva, o calor, rios e os mares. O regime de chuvas torrenciais continua sendo um dos mais importantes fatores determinantes do nosso relevo, pelo seu poder erosivo. A água no percurso para o mar, carregando pedaços de terra, areia e lama, é o agente de destaque no desenho e escultura da terra carioca.
É claro que água mole em pedra dura funciona, mas acontecimentos anteriores que dobraram e cortaram as rochas do Rio facilitaram e fizeram um verdadeiro caminho paras águas que, fluindo, buscam e formam os vales. Os rios mais volumosos constroem leques de terra na base dos morros, dando origem aos primeiros terrenos de planície ou baixadas.
Como qualquer narrativa as vezes pede um flash back, é bom lembrar que o conjunto das montanhas cariocas foi desgarrado da serra do Mar pelo entalho da baixada do Guandu. Isso quer dizer que nossas serras pertenciam a um maciço principal ou cadeia de montanhas ligadas ao extenso planalto brasileiro que, tombando para o oceano como um basculante, permitiu que o mar invadisse os antigos vales fluviais formando baías, enseadas e mais tarde as lagoas típicas da costa do Rio. Foi assim que as encostas escarpadas e as montanhas sinuosas limitaram-se com o mar.
Se a gente reparar bem dá para perceber que as ilhas que ficam em frente a praia de Ipanema, como as Cagarras e a Ilhas Rasa (do farol)são parecidas com o topo das montanhas. Parecem montanhas afogadas. E são. O movimento do mar produz correntes, que vão lançando pontas de areia a partir de terra firme ou de ilhas próximas à costa. O avanço destes cordões as vezes liga as ilhotas entre si, ou mesmo a pontos diferentes do litoral. Um exemplo deste fenômeno é a antiga ilha formada pelo grupo dos morros da Urca e Pão de Açúcar, que se ligaram ao morro da Babilônia, no continente.
O Pão de Açúcar foi arredondado pelo vento, chuvas, calor, do sol e ondas de frio. Na verdade, foram varias as causas que esculpiram o monumento natural mais famoso do mundo. O corcovado e os vales profundos que vemos ao lado das estradas do Redentor e Paineiras, são resultado de grandes falhas geológicas, isto é de fraturas seguidas de deslocamentos de enormes massas de rochas.
A lagoa Rodrigo de Freitas, por sua vez, era uma enseada e foi virando um velho pedaço de mar enclausurado quando os cordões de areia foram se formando entre a pedra do Arpoador e o Leblon. Surgiu uma restinga com pequenas dunas onde foi construído o bairro de Ipanema. As águas da Lagoa foram aos poucos se misturando com a água doce vinda do continente. Hoje, a água é salobra e ruim: a palavra Ipanema significa água ruim em tupi-guarani.
Este é um espetáculo que só mesmo a terra pode contar. O que para o homem é símbolo de solidez, para ela é a simples expressão de sua fragilidade, do provisório.”...