
Houve muito alarmismo nessa questão. Embora algumas afirmações tenham sido feitas por bons cientistas, muitas conclusões foram divulgadas de forma equivocada. Logo me irritou a afirmação de que a Amazônia desaparecerá e o cerrado tomara conta de tudo. Como há décadas estudo o problema das flutuações climáticas e o jogo do posicionamento parcial dos grandes domínios geográficos brasileiros, senti-me ofendido culturalmente. Não havia ciência na afirmação.
Entre 20 mil e 12 mil anos atrás, o planeta passou por um periodo de glaciação. Devido ao congelamento de águas marinhas nos polos Norte e Sul, o nivel dos oceanos era cerca de 90 metros mais baixo do que o registrado hoje. Depois disso, por volta de 11 mil anos atrás, houve um período de transição entre um clima frio e um mais ameno e ocorreu um ligeiro aquecimento da Terra. O frio intenso deu lugar a um clima miais tropical, como ocorria antes da glaciação. Com isso, as grandes manchas de floresta, que haviam ficado distantes umas das outras naquele clima frio e seco, cresceram e se emendaram. A esse processo, que aconteceui principalmente da costa brasileira, eu dei o nome de retropicalização.
E o que aconteceu depois?
O planeta cointinuou a esquentar, embora houvesse variações de temperatura para cima ou para baixo. Com isso, boa parte do gelo que estava concentrado nas regiões polares se derreteu. O auge desse aquecimento se deu entre 5 mil e 6 mil atrás, no optimum climático.
O aquecimento foi tal que o nível dos oceanos se elevou cerca de 2,90 metros acima do registrado hoje. O optimum e uma fase da história climática do mundo que vários cientistas e o próprio IPCC não consideraram. Como naquele periódo nem a mata Atlântica nem a Amazónia desapareceram do mapa, não é certo dizer que até 2100 a Amazónia vai virar cerrado.
Sim. Uma coisa é o aquecimento global, outra é sua continuidade ou não ao longo dos anos. Os cientistas dizem que vai ser sempre assim. O planeta ficará cada vez mais quente. Com isso, o calor provocará mais derretimento de geleiras, o que aumentará ainda mais o nivel do mar. E assim sucessivamente. Esse raciocínio é muito simplista. Não temos como saber nos próximos anos como o mar vai subir. Portanto, também não temos como avaliar quanto ele irá se elevar daqui a 100 ou 200 anos. Nesse periodo os continentes podem até abaixar mais e as águas do mar, inundar zonas costeiras bem maiores. Ou o contrário. Eles podem subir, como ocorreu depois do Plioceno. E com isso o mar irá recuar drasticamente.
Primeiro, é preciso reduzir a emissão de gases particulados na atmosfera para mitigar o efeito estufa. Que fique bem claro que eu não discuto o aquecimento global. Depois, devem-se acompanhar os fatos ao longo de um certo espaço de tempo para avaliar todas as variações. A seguir, é fundamental um bom planejamento para evitar maiores conseqüências sobre as regiões costeiras, que serão as áreas mais atingidas. O extremo sul do Brasil, por exemplo, vai ser pouco afetado, já que, com a suspensao das águas, deve acontecer o que ocorreu durante o optimum climático. A corrente maritima quente irá descer mais para o sul, levando maior umidade e, conseqüentemente, mais chuva para o interior do território.