Esta pergunta está na" boca do povo" como se diz por aí e a revista Veja traz uma reportagem esta semana explicando o porquê. O 
 salageo publica alguns trechos selecionados. 
Veja !
"Há um mês e meio, os 11 milhões de habitantes de São  Paulo vivem um drama que parece não ter fim ...  A chuva causa congestionamentos monstruosos no trânsito, deixa bairros  inteiros alagados e sem eletricidade, derruba casas e árvores e, até a  sexta-feira passada, havia provocado a morte de 14 pessoas, carregadas pela  enxurrada, vítimas de desabamentos ou queda de árvores. Em janeiro, o volume de  água que se abateu sobre São Paulo foi de 480,5 milímetros. Isso representa o  dobro da média histórica de janeiro e o maior volume registrado desde 1947 nesse  mesmo mês. São Paulo é o epicentro das chuvas torrenciais que atingiram também  outras áreas do Sul e do Sudeste do país....
 No Rio Grande do Sul, cidades com volume de chuva  médio de 100 milímetros no mês de janeiro, como Santa Maria, Santiago e São Luiz  Gonzaga, foram castigadas com índices de 400 milímetros. A lavoura de arroz  gaúcha sofreu perda de 1 milhão de toneladas de grãos, o suficiente para suprir  a demanda do Brasil inteiro por um mês. Em Minas Gerais, nada menos que 52  cidades decretaram situação de emergência por causa da chuva. Em nenhuma cidade,  contudo, os efeitos da chuvarada foram sentidos de forma tão constante quanto em  São Paulo, a maior cidade do Hemisfério Sul e polo econômico que produz 12% do  PIB do Brasil.
 O brasileiro que vive no Sul ou no Sudeste está  habituado às previsíveis chuvas de verão. Mas não a essa cortina de água que se  repete dia após dia como se fosse uma reedição do dilúvio bíblico .... A pergunta que todos se fazem é por que chove tanto em um único  lugar. A resposta mais curta é que existe uma conjunção excepcional de fatores  meteorológicos, cada um deles contribuindo para a continuidade do aguaceiro....No que diz respeito à meteorologia, a  chuva resultou de três fenômenos. O primeiro é o fluxo de ar úmido que todo ano  segue da região amazônica em direção ao Centro-Oeste, Sul e Sudeste do Brasil.  Esse fluxo é intensificado pela evaporação das águas do Oceano Pacífico na  região equatorial e do Oceano Atlântico no Caribe. Pois bem. Neste verão, o  efeito El Niño aqueceu as águas do Pacífico equatorial em 2 graus. As águas do  Caribe, por sua vez, também estão 1 grau mais quentes. A maior temperatura  aumentou ainda mais a intensidade da umidade vinda do Norte, tornando-a mais  propensa a provocar chuvas fortes.
 O segundo fator ... foi o aquecimento do Atlântico – em 1,5 grau  – na sua porção próxima à costa do Sudeste brasileiro. Isso faz com que a brisa  marinha que chega ao planalto paulista, onde se localiza a capital, favoreça a  ocorrência de fortes pancadas de chuva, principalmente no fim da tarde. O  terceiro fator é o calor na cidade de São Paulo em janeiro. As temperaturas  foram mais altas que a média do mês de janeiro nas últimas seis décadas. O calor  favorece o aquecimento do solo, que por sua vez esquenta o ar. Este fica mais  leve e sobe, formando nuvens carregadas. É um ciclo infernal de  retroalimentação.
 As chuvas fortes não causariam tantos problemas em São  Paulo caso a cidade tivesse sido preparada para elas. Na virada do século XIX  para o XX, impulsionada pela riqueza produzida pelo café e pelas indústrias, São  Paulo deixou de ser uma vila provinciana para assumir sua vocação de metrópole.  A partir daí, seus governantes optaram por canalizar boa parte de seus córregos  e rios, transformando-os em galerias pluviais no subsolo da cidade. Sobre essas  galerias foram construídas grandes avenidas, como 9 de Julho, 23 de Maio,  Juscelino Kubitschek e Pacaembu. As galerias subterrâneas coletam a água da  chuva dos bueiros e a levam para galerias maiores, que a despejam no Rio Tietê.  Nesse processo, as enchentes ocorrem de duas formas. A primeira é quando o  volume de água é maior do que aquele que as galerias comportam. Nesse caso, a  água volta à superfície e causa alagamentos. A segunda é quando os próprios rios  não comportam o volume de água despejado em seus leitos, e transbordam.
 Para retardar a chegada da água aos rios há os  chamados piscinões, grandes reservatórios subterrâneos que hospedam  temporariamente as enxurradas. A quantidade de piscinões em São Paulo, porém, é  insuficiente. O lixo jogado nas ruas também colabora para as enchentes, mas,  segundo especialistas, é um fator secundário. "O problema real é o volume de  chuvas em tantos dias consecutivos, que satura o solo e as galerias", diz o  engenheiro Aluisio Canholi, coordenador técnico do Plano de Macrodrenagem da  Bacia do Alto Tietê e especialista em drenagem urbana... São paulo 1950 /fonte: revista Veja
São paulo 1950 /fonte: revista Veja
.....Em 1947, quando ocorreu o recorde pluviométrico num  mês de janeiro em São Paulo, a cidade tinha 2,2 milhões de habitantes e a chuva  provocou problemas similares aos atuais, embora em escala menor. O principal  fator pelo qual os relatos de tragédias em 1947 são menores que os registrados  hoje é a forma de ocupação da cidade. Com ruas de terra, várzeas e lagoas  pluviais às margens do Tietê, a água da chuva era mais facilmente escoada e  drenada. Poucas horas depois da chuva, portanto, a cidade voltava ao normal.  "Embora a chuva causasse danos, ela não criava pânico na população, como  acontece hoje", diz o geógrafo Adler Guilherme Viadana, da Universidade Estadual  Paulista. Hoje, ao contrário, é compreensível que os paulistanos encurralados  pela água olhem em pânico para as nuvens de chuva no céu."
foto acima São paulo 2010
Fonte: trechos selecionados da reportagem  Dilúvio...45º dia Veja/fev 2010
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